segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Noctívagos ( ou A Virgindade Burguesa Sob a Égide das Madalenas, ou ainda, A função social da meretriz)

No distante subúrbio das luzes
A noite se cala em murmúrios,
Num prelúdio de amantes em gozo,
Excitados nalgum beco soturno.

À distancia se ouvem seus uivos
De animais ferozes no cio,
Trazidos pelo vento em silvo,
À arrotar o seu hálito frio.

Bêbados, prostitutas e vadios
Vazios em noturno idílio,
Todos em comunhão com o vicio,
Celebram o desejo mais vil.

No arrabalde da pudica urbe,
Onde urge o meretrício,
A castidade burguesa dorme alhures,
Num sono zeloso de armistício

Tiago Carvalho, Fogo-corredor, aju, 29 de abril de 2003.

Aqueles teus olhos... castanhos

Diante daqueles olhos castanhos
Me senti inseguro, estranho.
Estranho?!...
Me sentir inseguro, estranho
Diante daqueles olhos castanhos?

Tiago Carvalho, Pedro Espinheira Carente,
Aju, 09/05/03.

Apalavrar (Ou Lavrar com trato, ou ainda, Pacta Sunt Servanda)

Apalavrar
Dar a palavra.

Apalavrada
Dada a palavra.

Lavrada
A palavra dada...

... é lei.

Tiago Carvalho, Chico Marujo, 18 de maio de 2003.

Esperança( ou o inseto de Pandora)

Fugidia da Caixa de Pandora?...
Leve, verde e delicada,
Pousa-me, no ombro, agora...
... uma esperança!

Tiago carvalho, Chico Marujo, Aju,
7 de julho de 2003