sábado, 19 de julho de 2008

DI ADO AMIGO

Dia 20 de julho, dia do amigo, mais uma data que, a convenção ou conveniência, comercial criaram para celebração de seus fins, que não são outros senão o lucro. A sociedade de bens consumo nos faz criar estas tolices. Uma sociedade formada, em grande parte, por pessoas vazias, alienadas, cujos maiores sonhos, “sonhos de consumo” diga-se de passagem, é consumir. Numa sociedade que cultua a cultura de massa, as pessoas em sua maioria, perdem sua singularidade, sua individualidade, ou seja, perdem o que as tornam seres especiais. Decaem do status de individuo para o de sujeito. Esta sistemática massificação do ser, ou sujeição do individuo, em ultima analise traz conseqüências gravosas à sociedade. O sujeito perde sua iniciativa, sua capacidade inventiva, seu poder de criação, o qual é preterido à formulas prontas, pré-moldadas. Busca-se a felicidade nestas malditas formulas, seja em qualquer relação deste sujeito com o corpo social. Se é na religião, na ligação com o divino, buscam-se orações pré-moldadas, formulas impessoais e mecânicas, de se falar com Deus. Se fosse ele jamais daria ouvido a estas tolices, a esta fé de tabuada. Faria uma prova dos noves... Noves fora... Nada! No quesito diversão não é bom nem falar, estamos indo de mal a pior. Os carnavais, por exemplo, que tinham como característicos, a diversidade de fantasias, multiplicidade de cores, a riqueza musical, etc. em sua maioria nos grandes e médios centros estão reduzidos a blocos de trio-elétrico, ou seria melhor chamá-los de procissão, uniformizada com abadás, de celebração ao Deus Baco. Ora caros amigos, não há nada mais subjetivo que nossas fantasias, mas mesmo assim, nestes períodos de liberdade intima, o que vemos é a extravagância da intimidade manifestar-se em forma de beijos impessoais! O popular e modernamente conhecido “ficar”, a banalização do beijo, que em sua natureza é tão pessoal e intimo, a banalização do amor! Sim, amor! Este talvez o mais banalizado dos sentimentos. Todo mundo ama... da boca para fora! Mas, no seu dia, não quero divagar sobre o amor, meu caro amigo, pois, eu te amo! E é sobre a amizade que me propus a escrever. Amizade, meu amigo, não tem dia certo para ser celebrada. Celebrá-se todos os dias, todos os momentos. “Todo dia é dia de índio...” diz a velha canção. Todo dia é dia do amigo! Digo eu, meu caro. Todos os instantes de minha vida você me é caro. Não tenho cartões ou papeis de cartas, com frases ou poemas feitos, para expressar minha amizade, meu amor por ti. Isto é muito impessoal, uniformizado, você merece muito mais! Você, não é simplesmente um sujeito, é uma pessoa, não é qualquer pessoa, é singular, é meu amigo! Portanto, meu caro, diga não ao dia do amigo, ao dia dos pais, ao dia das mães, até mesmo ao Natal, que com certeza, hoje é tudo, menos o dia do Cristo! Diga não aos horóscopos, aos livros de auto-ajuda, à cultura de massa, à uniformização de ser. Deixemos de ser sujeitos, globalizados, alienados, uniformizados, da sociedade de bens de consumo, que a todos consome, inclusive a nós mesmos, seres humanos. Lutemos pela nossa liberdade de criação, por nossa dignidade, por nossa condição de individuo! Pareço ser chato, meu caro amigo!... Talvez seja, mas sou singularmente chato... Parabéns pelo seu dia, meu caro amigo!...

Tiago Carvalho Santos,
Aracaju, 20 de julho de 2005.